Avaliação Carnaval 2010

Avaliação

por Francisco Ricardo.

Num ambiente de frio intenso (as temperaturas chegaram a atingir os 7º/8º negativos), o Carnaval 2010, em Aldeia do Bispo, subiu mais alguns degraus para se afirmar definitivamente como um dos mais importantes da raia sabugalense (pelo menos…).
Marcaram presença muitos conterrâneos (em número superior ao habitual, em minha opinião) e muitos forasteiros, quer portugueses, quer espanhóis (alguns, com pinta de Recortadores, vindos de Coria).

No Domingo, por volta das 11H30, teve lugar o encerro dos touros (e algumas vaquechas), no percurso entre o cemitério velho e o largo da Igreja. Apesar da temperatura rondar, a essa hora, os 2º/3º negativos, compareceu muita gente ao encerro, de tal forma que havia quem comentasse que parecia o encerro de Agosto. Seguiu-se o “boi da prova”, com a animação dos naturais de Aldeia do Bispo e dos “de fora”, que nesta altura também são autorizados a pegar ao forcão e a dar umas “carreirinhas”.
Após o almoço, teve início o cortejo carnavalesco, ao som dos bombos, isto é, do barulho dos bombos, já que os instrumentistas actuaram de improviso e imitaram as linhas paralelas: por mais que tocassem nunca conseguiram encontrar-se.    

Abriu o desfile o carro alegórico do campanário, com a lindíssima bandeira “de bandear” dos mordomos, seguido do andor do Santo Entrudo, ladeado pelas senhoras da terra, nos seus belos trajes regionais; imediatamente a seguir vinha o “Menino” e, mais atrás, o palio com a autoridade religiosa que dá nome à terra. Seguiam-se a “banda” e uma novidade que a todos maravilhou, “as alabardas andantes”. As crianças foram, efectivamente, a atracção principal deste renovado corso carnavalesco. Mais atrás vinham os cabeçudos e gigantones, a praça desmontável (outra novidade), o forcão dos mais pequenos e a representação do encerro (os touros eram muito bravos, estavam constantemente a fugir e deram trabalho redobrado aos cavaleiros). Encerrou o cortejo, a ambulância, do Dr. Camejo.

O acto final do desfile de carnaval teve lugar com um teatro, em frente do chafariz e da casa do João Fernandes: as “raparigas/praça desmontável” fizeram um círculo, as alabardas andantes, todas sorridentes, deram o seu passeio ao som do tambor e teve início a tourada: o touro marrou rijamente, veio o “capinha Manho”, que se deixou apanhar, tendo sido socorrido e levado em maca pelas enfermeiras do Dr. Camejo. 

Findo o desfile de Carnaval, teve início a capeia com bois a sério (bem, a sério a sério não eram bem, porque estavam tão magrinhos que eram mais esqueletos ambulantes com cornos numa ponta).

Mas lá que escornavam, escornavam e deram alguns empurrões, coisas sem gravidade … aos do costume, àqueles que vêem sempre dois touros e depois fogem do que não é, mas são apanhados pelo touro que é.   

Por volta das seis horas, os touros, acompanhados pelos cabrestos, estavam fartos de correrem da Igreja de baixo, rua acima até à praça e da praça em sentido inverso até à Igreja, abanando os cornos para enxotar os mais afoitos e as gentes estavam fartas do frio que se fazia sentir. Após uma breve troca de olhares, concordaram que o melhor era cada um regressar a sua casa para tratar do jantar e aquecer o esqueleto. 

Segunda-feira, Aldeia do Bispo acordou coberta por um manto de neve que, em sítios mais abrigados, chegou a ter entre dez e quinze centímetros de altura. Para os menos habituados, foi um enorme prazer poderem pisar uma alcatifa tão branca e fofa; para os mais velhos, a eminência de um “chambote” revelou-se factor inibidor de grandes passeios.
Com tanta neve, ninguém se atreveu a falar nos Jogos Tradicionais, previstos no programa para as “14H00, no largo da aldeia”.

No final do dia, quer dizer, à noite, isto é, à noitinha, realizou-se o baile dos mascarados ocasionais e dos de todos os dias, no pavilhão do Lar de Stº Antão, animado pelo conjunto “Fãs da Farra”, com entrega de prémios às melhores mascaras para a ocasião.

Viu-se muita gente de Aldeia do Bispo mas, igualmente, de outras aldeias das redondezas, em alegre convivência.

Na Terça-feira de carnaval, ainda com neve bem visível, mas com menos frio que no Domingo (2º/3º positivos), repetiu-se o encerro e com o mesmo trajecto. Dado o atraso verificado, relativamente à hora prevista, houve menos resistentes, mas o brilho foi idêntico ao de Domingo.
Aquando do início da tourada já toda a neve tinha derretido.

Como balanço final, posso testemunhar que foram dias muito divertidos e em que as coisas correram com grande animação. O frio prejudicou, mas não impediu o convívio entre as gentes da terra e os visitantes.

Os trajes e adereços carnavalescos foram recuperados uns e outros feitos de novo, com criatividade e sentido estético, como as fotografias demonstram. Para isso foi necessário que muitas pessoas trabalhassem muitos dias e muitas noites, mas o resultado do seu trabalho agradou a todos. Para todas essas pessoas e, em nome de todos aqueles que, como eu, usufruíram da sua dedicação e empenho,
MUITO OBRIGADO.

A organização do Carnaval deste ano esteve a cargo da Associação da Mocidade, da Junta de Freguesia e da Raiar, com a colaboração da Litografia Diana. Atendendo aos resultados obtidos, esta colaboração deverá ser consolidada e alargada, inclusivamente, a outro tipo de iniciativas.

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