Aldeia do Bispo Princesa da Raia
MEMÓRIAS de UMA ALDEIA RAIANA
“Aldeia do Bispo – Princesa da Raia” é o título de um livro da autoria de Maria José Bernardo Ricárdio Costa e Maria Aurora Bernardo Ricárdio Pacheco, duas irmãs, professoras do ensino básico, naturais daquela localidade raiana.
A ideia, como referiram em declarações ao Diário da Guarda, “existiu desde sempre”, mas chegou um momento em que não conseguiram “segurar” por mais tempo as “memórias de ontem, de hoje e do futuro que, inexplicavelmente, foram crescendo e amadurecendo dentro do peito”, tendo agora, decidido partilhá-las.
Por outro lado, com o lançamento da obra quiseram preencher o vazio da inexistência de um livro que falasse da sua história, dos lugares que lhes são queridos, das suas gente e tradições… enfim, “da alma do nosso povo!”.
Embora cientes de que Aldeia do Bispo é uma aldeia como milhares de outras do nosso país, apelidam-na de “Princesa da Raia” por a considerarem “única pelas suas características: beleza da terra e suas gentes”. Trata-se aliás de um título “ sabiamente atribuído pelo Dr. Francisco Maria Manso”, ilustre médico, grande benemérito e impulsionador do desenvolvimento daquela terra e do Sabugal, onde desempenhou importantes cargos, explicam.
As páginas do livro registam memórias e afectos transversais a antiguidade daquele povo “intrépido e pacífico”, costumes, tradições, práticas religiosas e cenas da vida de ontem, bem como um glossário de termos locais desvendam Maria José e Maria Aurora. Tudo isto com “um não sei quê de saudade e bairrismo”, pois é em Aldeia do Bispo que estão as origens, os familiares e amigos, os lugares, as primeiras memórias… a “profunda ruralidade” das autoras, contadas “com a emoção de quem bem a conhece”.
A posse de “alguns elementos guardados, como que à espera de integrarem um qualquer trabalho desta natureza” e as deslocações frequentes à aldeia permitiram-lhes reunir o material necessário para o trabalho. Lamentam no entanto, que tenham ficado por fotografar alguns aspectos porque na hora “h” surgia sempre um imprevisto. Houve mesmo documentos que encontraram tardiamente, como por exemplo um “salvo-conduto” e uma autorização que permitia aos habitantes de Aldeia do Bispo cultivarem terrenos situados em área espanhola que gostariam de ver incluídos no trabalho e que não foi possível.
As autoras acreditam que a obra despertará curiosidades e avivará recordações, “aumentando o orgulho em ser filhos daquela terra e fortalecendo a ligação intrínseca às origens”. É por isso que se sentem gratificadas por estarem a divulgar a sua terra.
Trabalhar em conjunto, e dado a “forte ligação” familiar entre as autoras, não constituiu problema, pois aceitaram bem a colaboração, sugestões e criticas uma da outra, completando-se mutuamente.
A simpatia de todos os que colaboraram ou autorizaram referências a trabalhos seus, bem como “a paciência e compreensão” dos familiares, a quem privaram da companhia e de tempo, foram fundamentais na concretização do projecto. Não menos importantes são os apoios vindos de fora, nomeadamente da Junta de Freguesia local, da Câmara Municipal do Sabugal, o Governo Civil da Guarda, e a Delegação do LNATEL/Guarda, que se prontificaram a colaborar com a aquisição de alguns exemplares, concluem.
Edite Sanches
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